domingo, 15 de março de 2009

Problemas de Tradução na linguagem dialectal de “Lady Chatterley’s Lover”.



Docente: João Ferreira Duarte
Discente: Rúben Carlos Esteves



Problemas de Tradução na Linguagem Dialectal de “Lady Chatterley’s Lover”

Enquadramento do Livro

O “ Amante de Lady Chatterley” foi publicado em 1928. Criticado pela imprensa inglesa, o romance foi proibido na Inglaterra durante trinta e dois anos.
No seu ensaio: “ A propos of Lady Chatterley”, D.H. Lawrence chama a nossa atenção para uma das principais razões que o levaram a escrever o romance: “ O Amante de Lady Chatterley”. O seu objectivo era o de despertar os seus leitores para a necessidade de falar-se abertamente sobre um assunto delicado para a época como era o Sexo.
Infelizmente, a censura a que sua obra foi exposta durante trinta e dois longos anos fez com que tivesse o efeito oposto daquele em que o autor pensou quando a escreveu. O seu romance foi considerado, na época, um livro de cariz eminentemente pornográfico.
D. H. Lawrence cresceu numa vila onde a maioria da população vivia do trabalho mineiro e, por isso mesmo, os efeitos de tal ambiente estão obviamente reflectidos nas suas obras literárias e o “ Amante de Lady Chatterley” não é excepção. No romance, a personagem Mellors assemelha-se em muito ao próprio autor; ou seja ele também é filho de um mineiro. O discurso da personagem é de um modo geral difícil de decifrar e traduzir devido ao uso abusivo do dialecto de Derbyshire.
Este trabalho vai assentar primordialmente sobre as dificuldades de tradução dialectal presentes em “ O Amante de Lady Chatterley”, mais especificamente no Capítulo XII, páginas184-185, da versão de 1961, publicado pela editora Penguin.
Os elementos linguísticos introduzidos por D. H. Lawrence no discurso de Mellor são variados, entre eles:
· As diferentes formas do artigo definido the: “ t’ “ou “th”. Esta é uma situação específica do dialecto utilizado na zona de Derbyshire.
· A perda de consoantes são também frequentes ao longo do romance, como por exemplo em “An’ slaip wi’ me …”ou em “ … when I’m i’side…”.
· O uso dos pronomes “tha” e a velha forma “thee”.
· Pronúncias especificas para os pronomes de primeira pessoa: a expressão “Ah” é utilizada, recorrentemente, para acentuar o tom de voz Derbyano, como por exemplo: “ ‘Arena Ah!’” e “ ‘Mun Ah!’”.
· A variável dialectal “Ay” e “Nay” para “Yes” e “No”.
· Pronúncia própria da zona de Derbyshire: “ cum”- “come”.
· O termo “lass”, que surge no fim do texto a analisar é um termo utilizado especialmente na Escócia e quer dizer ou uma jovem rapariga ou uma namorada.

Mini corpus do Texto, páginas 184-185
Forma Dialectal
Inglês
Português
Afore tha goos
Before you go
Antes de te ires embora
Ay
Yes
Sim
An’
And
E
Appen
Maybe
Talvez
arena
Aren’t
Não são
cana
Can’t
Não Podes
coom
Come
Vir
Cunt
Taboo word
Palavra taboo
do’t
Don’t
Não
Dost
Old use- To do
Fazer
Goo
go
Ir
Lass
Girlfriend
Namorada
Maun
Must
Dever
Mun
Must
dever
Naight
Night
Noite
Nay
No
Não
On’t
Of it
Isso
Slaip
Sleep
Dormir
Sholl
Shall
Dever, ter de
Tha
You (thou)
Tu
th’
The
O- artigo definido
Ter
You
Tu
Th’art
The
O- artigo definido
Thee
You
Tu
Theer
There
Ali,aí
Wi’
With
com
Willin’


Yi
Yes
Sim



É importante notar que a tradutora Maria Teresa Pinto Correia opta por não traduzir certos trechos do texto: “ ‘Th’art good cunt, though, aren’t ter? Best bit o’cunt left on earth. When ter likes! When tha’rt willin’!”; “ …It’s thee down theer; an’ what I get when I’m I’side thee… all on’t.’”. Ao não traduzir estes excertos ficamos sem saber se o fez devido ao facto de ter um cariz pornográfico ou se por dificuldades tradutórias.
É de realçar também que a tradutora opta por traduzir a palavra “cunt” por “ em baixo”. Em princípio ela terá traduzido assim por pudor, uma vez que o termo em Inglês tem como correspondente em Português uma palavra tabu.
















Bibliografia

SQUIRES, Michael- Lady Chatterley’s Lover and A Propos of Lady Chatterley’s Lover, The Cambridge Edition of the Works of D. H. Lawrence, 2003, Cambridge University Press.
MARCUS, S.- The Other Victorians: A study of Sexuality and Pornography in Mid-Nineteenth century England, New York, Besic Books.
SAGOW, K.- The Art of D. H. Lawrence, Cambridge, 1981

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